O San Miguel foi encontrado pelos náufragos do Leonidas M.

Navio San Miguel

Navio San Miguel no porto de Santos, Lisboa, nos anos 30
(Postal cortesia de Portugal em Postais)

San Miguel
(Portugal)

Capitão: António Dionísio
Tipo: Vapor misto
Tonelagem:
Proprietário: Companhia da Navegação Carregadores Açoreanos
Porto: 
Construção: Inglaterra

A 19 de julho de 1942, pelas 17.30 horas, o vapor português San Miguel, a caminho dos EUA, foi intimido a parar pelo U-332 que por sinais exigiu o envio da documentação de bordo. Quando o imediato chegou ao submarino veio na mesma baleeira, e em sentido contrário, o imediato alemão com dois homens armados, pedindo vários esclarecimentos sobre a carga, a origem e o destino.

Pelas 20 horas foram feitos sinais do submarino informando que poderiam seguir caminho para Baltimore. Os homens armados partiram na baleeira do navio que trouxe de volta o imediato português, mas enquanto decorriam estas manobras aproximaram-se do San Miguel dois salva-vidas com 29 náufragos do vapor grego Leonidas M., afundado horas antes pelo mesmo U-332 que fazia a inspecção.

Os homens foram acolhidos a bordo e cuidados até serem deixados em Baltimore no dia 25 de julho. O navio português tinha chegado à entrada do porto no dia anterior, pelas 15 horas, tendo sido abordado pelo controlo local que realizou um inquérito junto do comandante para se informar sobre os acontecimentos da viagem, deixando ordens para se manterem ancorados.

Pelas 19.30 horas o capitão António Dionísio foi surpreendido pelo embarque de um oficial da Guarda Costeira e seis marinheiros que os acompanharam até ancorarem frente a Baltimore onde ficaram de quarentena. Ninguém foi autorizado a abandonar o navio, mas embarcou um médico, alguns policiais e outro oficial da Guarda Costeira, agora com oito marinheiros armados de espingardas com baionetas. 

Na manhã seguinte receberam ordens para acostar, mas a manobra não foi executada de imediato porque a Guarda Costeira a bordo se opôs a que a tripulação executasse qualquer ação, utilizando as espingardas e as baionetas. António Dionisio apressou-se a conferenciar com o oficial americano, mas só depois de ter sido verificada a documentação de todos os tripulantes foi permitida a ida para o cais.

O acontecimento foi considerado violento e desagradável pelo português, habituado a viajar para os EUA sem notícias de quaisquer problemas anteriores. 

Segundo as autoridades portuguesas em Washington estes incidentes - que se repetiriam com outros navios portugueses - resultavam do facto das opinião pública americana ter ficado impressionada com as notícias que davam conta do desembarque de u-boats dos sabotares e espiões alemães em praias americanas. Razão para reclamarem medidas repressivas mais enérgicas que terão contribuído para os excessos e as dificuldades que os navios enfrentaram.

Seriam depois melhor tratados do que à chegada e a Legação grega em Washington entregou a 13 de agosto um agradecimento oficial à Legação portuguesa que foi enviado á Companhia da Navegação Carregadores Açoreanos, proprietária do San Miguel.

O Leonidas M. foi atacado a tiros de canhão na tarde de 19 de julho pelo U-332. Quando a tripulação o abandonou o fogo de artilharia cessou, mas quando as baleeiras se afastaram foram disparados dois torpedos. O primeiro falhou, mas o seguinte afundou-o.

Carlos Guerreiro

Leonidas M.
(Grécia   Greece)

Capitão: Elias Halkias
Tipo: Vapor mercante

Tonelagem: 4573 Tb 
Proprietário: Constantine N. Michalos e John C., N.C. e Adamantios C. Hadjipateras
Porto: Chios
Construção:  Lithgows Ltd, Port Glasgow (1929)




Fontes:

National Archives UK, Kew (GB)   §   Arquivo Histórico da Marinha (PT)  §   Arquivo Histórico do MNE (PT)  §  uboat.net  §  Shipping Company Losses of the second World War, Ian M. Malcolm  §  Lista dos Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945  §  Diário de Notícias §