Hastear a bandeira de um país neutral não assegurou aos navios portugueses liberdade para cruzar os mares sem vigilância dos meios navais dos países beligerantes. Os oceanos tornam-se exíguos quando potências navais escrutinam cada onda à procura dos adversários e a possibilidade de neutrais sofrerem algum tipo de consequências – de forma intencional ou acidental – é bastante grande.
Os navios portugueses – mercantes ou de pesca – não escaparam aos efeitos da guerra.
As inspeções em alto mar foram a menos dramática das situações a que se sujeitaram. Mais sérias foram fiscalizações que implicaram desvios para portos que podiam estar a centenas de milhas das rotas que seguiam. Aumentavam os gastos de combustível e as datas de chegada desdobravam-se no calendário.
Causaram ainda mais complicações a retirada de sacos de correio e carga dos porões. Houve ainda passageiros, de diferentes nacionalidades, que também se viram obrigados a interromper as viagens quando foram aprisionados por meios navais do país inimigo. Estes incidentes aconteceram mais vezes do que se possa pensar.
Os ataques a navios e, em pelo menos uma dezena de situações, o afundamento em resultado dessas agressões foram as situações mais difíceis que os tripulantes enfrentaram. Ficou o registo de várias dezenas de mortos.
Neste capítulo iremos abordar estas ocorrências e os efeitos que tiveram sobre os navios portugueses.