Tripulantes do Kabalo salvos por submarino que os afundou

fotografia do navio Nyassa

Tripulantes belgas do Kabalo a bordo do submarino italiano Cappellini
(Foto: E. Bagnasco-M. Brescia, I sommergibili italiani 1940-1943)

Kabalo
(Bélgica)

Capitão: Georges Vegels
Tipo: Vapor de carga
Tonelagem: 5186 TB 
Proprietário: Agence Maritime International

Porto: Antuérpia
Construção: Birkenhead, GB (1917)

Na tarde do dia 19 de outubro de 1940 foi recebido no gabinete do ministro do Interior um telegrama do Governador substituto dos Açores que relatava o desembarque, na Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, de 25 náufragos (segundo outras fontes seriam 26).

Os homens eram sobreviventes do navio belga “Kabalo” afundado quinhentas milhas a sudoeste da ilha. O mais curioso era o facto de terem saído de um submarino que tinha ficado a pairar ao largo, assistindo à chegada dos homens à localidade.

O submersível era o transalpino Comandante Capellini que tinha atacado o vapor belga na noite de 15 para 16 de outubro tendo os náufragos abandonando o navio em dois salva-vidas.

Um, com 16 homens, foi recolhido posteriormente pelo mercante americano Panam que os deixou no porto de Lisboa na tarde o dia 23 de outubro. O outro - com 25 ou 26 homens consoante as fontes - mereceu a misericórdia do comandante Todaro que sabendo da distância a que se encontrava terra rebocou os náufragos até um local onde pudessem arribar sem incidentes.

Momentos da operação do Cappellini que salvou parte dos tripulantes do Kabalo. 
Momentos da operação do Cappellini que salvou parte dos tripulantes do Kabalo. 

Momentos da operação do Cappellini que salvou parte dos tripulantes do Kabalo.
(www.milistory.net)

Durante o percurso para Santa Maria o mar ficou agitado e os belgas foram acolhidos na torre do submarino enquanto durou a borrasca, um gesto que lhes salvou a vida. No dia 19 chegaram frente à pequena baía da Vila do Porto onde foram desembarcados.

Na manhã do dia 10 de novembro chegaram a Lisboa, no paquete Carvalho Araújo, acompanhados de uma dezena de náufragos do sueco Meggie que tinham aportado à ilha de São Miguel no dia 4 de novembro. O navio destes últimos tinha sido afundado pelo submarino italiano Nani também no dia 27 de outubro. Todos foram entregues à PVDE, a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, antecessora da PIDE.

O Kabalo seguia no comboio OB.233 com outros 25 navios, mas ficou para trás. Avistado pelo submarino italiano Comandante Capellini foi afundado a tiros de canhão.

Não foi possível confirmar quer o número de tripulantes – 42 ou 46 - quer o número de vítimas mortais que, em algumas fontes surge referida como sendo uma e noutras duas.

Carlos Guerreiro




Fontes:

National Archives UK, Kew (GB)  §  Arquivo Histórico da Marinha (PT)   §  uboat.net   §   E. Bagnasco - M. Brescia, I sommergibili italiani 1940-1943  §  Con la pelle appesa a un chiodo   §  Diário de Lisboa § Diário de Notícias   § The Lloyd’s Register Foundation