.
.
.
.
Detalhe do memorial inaugurado em Ermida, Mira, a 6 de Março de 2024.
O memorial lembra o 80º aniversário da queda do Hudson, com a matrícula FK791, do Esquadrão 269, e é dedicado "Aos heróis da Segunda Guerra Mundial - A sua bravura nunca será esquecida".
(Foto: João Alcaide)
Data
Local
Força
Avião
Origem-Destino
Tripulação
06-03-1944
Mira
RAF 269 Sqn
Lockheed Hudson IIIA FK791
Portreath (GB) → Base das Lajes (Açores)
W/O George Gordon Mclean Australia †
F/Sgt Walter R. Potwarka Canadá
S/L David Duncan McPetrie GB †
W/O Philip Arthur Gallop Canadá †
O avião estava em trânsito para uma nova base nos Açores, mas uma tempestade elétrica avariou um dos motores. Mais tarde, pelas seis da manhã, aconteceu o mesmo ao outro, o que obrigou a manobras tendo em vista salvar a tripulação.
Tudo indica que os militares pretendiam abandonar o aparelho, mas apenas Walter Potwarka conseguiu saltar de paraquedas.
Segundo João Alcaide, arqueólogo local que investigou o caso e entrevistou testemunhas do incidente, o avião despenhou-se perto do sítio da Ermida, num local conhecido por Canto do Mato, tendo ficado completamente destruído e queimado.
Potwarka foi encontrado vivo, pendurado num pinheiro. Dois outros tripulantes pereceram no interior e um outro fora dos destroços. Os três estão sepultados no Cemitério se St. James, no Porto.
Apesar da hora madrugadora a população apercebeu-se do acontecimento. Maria de Lourdes Costa contou a João Alcaide que Manuel de Miranda Rola foi a primeira pessoa a chegar junto do sobrevivente.
Apesar de nenhum falar a língua do outro, entenderam-se o suficiente para o português levar o canadiano até casa, onde lhe serviu um pequeno-almoço, constituído por café e broa. Como pelo almoço ainda se encontrava na mesma casa também partilhou arroz com feijão que alimentou toda a família.
Fontes:
* “Aviões da Cruz de Cristo” – Mário Cannongia Lopes
* Portreath ORB - National Archives - London Kew
* National Archives Australia
* João Alcaide
.
Inauguração do memorial e momento em que Artur Fresco, uma das testemunhas, recorda os acontecimentos com 80 anos.
(Fotos/ Pictures: Município de Mira)
Ao local foi depois chamado Maia Alcoforado, uma das poucas pessoas da zona que sabia falar inglês. Foi ele que se entendeu com Potwarka e chamou as autoridades para o levarem.
A investigação de João Alcaide ganhou fôlego em finais de 2023, princípios de 2024. Aprofundou a informação encontrada neste site, encontrou novos dados e reescreveu o todo o incidente.
Os dados que eu tinha publicado – tanto no site como no livro – indiciavam que os tripulantes teriam caído e morrido no mar, algo que a nova investigação desmentiu.
Apercebendo-se que em 2024 passariam 80 anos sobre a queda do avião na Ermida, João Alcaide armou-se com as informações que tinha reunido e conseguiu que a autarquia local erguesse um memorial que lembra os acontecimentos e os pilotos que vinham a bordo.
A 6 de maio de 2024 a autarquia de Mira inaugurou o memorial e juntou algumas das testemunhas numa cerimónia onde o caso voltou a ser recordado.
Carlos Guerreiro