No dia 7 de Outubro de 1940 o bacalhoeiro “Ana I” regressava à Figueira da Foz da faina nas águas da Terra Nova quando, a 150 milhas do Cabo Mondego, os seus tripulantes avistaram uma pequena embarcação com 13 tripulantes do cargueiro grego “Agios Nicolaus” afundado sete dias antes pelo submarino italiano “Maggiore Baracca”.

Dos treze homens, dez eram gregos, um era dinamarquês, outro húngaro e havia também um português. À imprensa foi relatado que já não tinham água e a comida também era pouca com os náufragos a apresentarem-se exaustos e febris depois de sete dias na baleeira. O segundo piloto, “com delírio” teve de ser içado para bordo do bacalhoeiro com ajuda dos pescadores portugueses.

No dia 8 de Outubro o “Ana I” entrava no porto da Figueira do Foz e no dia seguinte viajaram de comboio para Lisboa onde eram esperados pelo cônsul grego, Pappami Kail, e pelo médico do consulado, o dr. Evreniadis.

Ao cair da noite do dia 8 entravam também no porto de Leixões os restantes náufragos do navio, agora a bordo de duas traineiras espanholas, a “Costas Maravilhas” e a “Gistosa Chich”, ambas de Vigo. Os treze sobreviventes – entre eles havia mais um português - tinham sido recolhidos nessa manhã quando as embarcações se dirigiam para o seu porto de registo e a 25 milhas do Cabo Mondego avistaram o salva-vidas onde homens agitavam os braços pedindo ajuda.

Também estes tinham as provisões quase esgotadas restando apenas algumas latas de sardinha, bolachas e muito pouca água. A bordo dos navios salvadores receberam toda a assistência possível até serem entregues às autoridades portuguesas em Leixões de onde também foram encaminhados para Lisboa, onde também chegaram no dia 10 ao princípio da manhã.

Todos foram alojados em pensões lisboetas e cinco gregos do primeiro grupo foram repatriados quase de imediato a bordo do cargueiro “Eleni”.

O afundamento do “Aghios Nicolaos”

O afundamento do navio foi relatado aos jornais em Lisboa pelo português Germano Fernandes, de 32 anos, natural da Madeira onde tinha sido contratado dias antes do afundamento para completar a tripulação na viagem até Belfast onde iam entregar madeira e minério carregados na Argentina.

No dia de 1 Outubro de 1940, pelas 4.20 horas, foram interpelados pelo submarino italiano “Maggiore Baracca”, que exigiu que o comandante grego, Georgios Skinitis, fosse a bordo com o manifesto de carga. Pouco depois a tripulação do cargueiro foi avisada de que teria de o abandonar pois iria ser afundado. O capitão grego nunca regressou a bordo e passou directamente do submarino para um salva vidas onde se encontravam 12 dos 26 tripulantes.

A balsa onde seguia Germano Fernandes foi colocada na água com alguma violência destruindo o barril da água. Da outra baleeira foi fornecido um balde de água que depressa se esgotou.

Com o navio deserto o submarino disparou mais de trinta projecteis de canhão antes de o conseguir afundar.

Os salva-vidas separaram-se pouco depois vindo ambos a ser recolhidos no dia 7 de outubro, um pelo bacalhoeiro português “Ana I” e o outro pelas duas traineiras de Vigo “Costas Maravilhas” e a “Gistosa Chich”.