O "NRP Gonçalves Zarco"
(Foto: Colecção Privada)
NRP Gonçalves Zarco
(Portugal)
Capitão: Nuno Frederico Brion (Cap-Frag.)
Tipo: Aviso
Tonelagem: 1784 t
Proprietário: Marinha Portuguesa
Porto: Lisboa
Construção: Hawthorn-Leslie (Inglaterra)
No dia 13 de junho de 1942, pelas 16.15 horas, a noroeste da ilha de Bazaruto, no Canal de Moçambique, o 2º artilheiro José Miguel Videira, que se encontrava de vigia no aviso Gonçalves Zarco, avistou um pequeno bote com o mastro içado e velas arreadas.
A embarcação parecia vazia, mas quando se aproximaram perceberam que debaixo do pano estavam dois homens, fatigados e feridos. Tinham ambos tripulado o cargueiro norueguês Wilford, afundado no dia 7 pelo submarino japonês I-18. Um, com 24 anos, tinha ferimentos na cabeça e fracturas expostas nos membros, enquanto o outro, de 35, tinha sido atingido por estilhaços. Depois de vários dias no mar tinham ambos “a roupa fétida”, as feridas “com infeções e supurentas” ou “necrosadas”, relatava o comandante português no relatório oficial.
Foram entregues ao médico de bordo enquanto o navio rumava a Lourenço Marques, onde ficaram internados no Hospital Miguel Bombarda.
O Gonçalves Zarco tinha zarpado da Beira para a operação de busca e salvamento no dia 8 de junho depois de receber o pedido de ajuda do cônsul britânico porque dois navios - o Atlantic Gulf e o Wilford - tinham sido afundados por um submarino no Canal de Moçambique, respetivamente a 5 e 7 de Junho, não existindo meios de salvamento Aliados na zona.
O aviso português chegou à área dos ataques, pelas nove da manhã do dia seguinte, mas nada viu. Foram também sobrevoados por um avião da DETA, a companhia de aviação do Governo de Moçambique, destacado para dar apoio às buscas que também nada localizou.
Pelo meio dia e meia foi recebida a informação do avistamento de um salva-vidas 15 milhas a sueste das Bocas do Zambeze, onde o navio chegou á noite. Pouco depois cruzou-se com o vapor Sena saído de Chinde com o capitão de porto a bordo, também em operação de busca. Face à presença do aviso o vapor regressou ao ancoradouro.
Só a 13, quando já se preparava para abandonar as buscas conseguiu salvar dois náufragos. Seriam os últimos homens do Wilford a serem recolhidos. Dezasseis tinham sido encontrados pelo britânico British Dominion no dia 8 e deixados em Lourenço Marques a 11. Outros dezanove arribaram perto do farol de Inhanguvo, também no dia 8, recebendo apoio médico e alimentos antes de serem transportados para a Beira a 10, onde eram esperados pelo cônsul norueguês e pelo capitão do porto.
Como agradecimento pelo empenho nas operações de salvamento, e com autorização do comandante português, o cônsul britânico na Beira ofereceu cem cigarros a cada um dos tripulantes do Gonçalves Zarco.
O Wilford tinha partido de Mombaça a 2 de junho de 1942 com destino a Lourenço Marques. Pelas duas da manhã do dia 7 os oficiais foram acordados e informados que se ouvira uma explosão à distância. O navio aproximou-se de terra com as luzes desligadas, o oficial de comunicações instalou-se junto do rádio e a tripulação foi acordada e colocou os coletes salva-vidas na expectativa de serem atacados.
Pelas 2.30 horas da manhã o submarino japonês I-18 atingiu-o com tiros de canhão. Do navio foram enviados vários pedidos de socorro, enquanto paravam os motores e a tripulação arriava três salva-vidas. Atingidos pela explosão de um obus morreram o capitão, o segundo oficial e vários tripulantes que se encontravam nas imediações. Do grupo presente na ponte de comando apenas dois indivíduos, de nacionalidade chinesa, escaparam ao morticínio para serem recolhidos dias depois pelo Gonçalves Zarco.
Nove tripulantes do Wilford morreram e 37 sobreviveram ao ataque.
Carlos Guerreiro
Wilford
(Noruega)
Capitão: Bjarne Ludvig Thorsen
Tipo:
Tonelagem: 2158 t
Proprietário: Hans Borge
Porto:Tønsberg
Construção: Nylands mek. Verksted, Oslo (1921)
Fontes:
National Archives UK, Kew (GB) § Arquivo Histórico da Marinha (PT) § Arquivo Histórico do MNE (PT) § Warsailors.com § Revista de Marinha