O "Nyassa"
(Foto: Revista de Marinha)
Nyassa
(Portugal)
Capitão: Bettencourt
Tipo: Vapor de Passageiros
Tonelagem:
Proprietário: Companhia Nacional de Navegação
Porto: Lisboa
Construção:
O Nyassa regressava de uma viagem às colónias africanas quando, no dia 20 de Março de 1941, encontrou uma baleeira com 23 náufragos – sete oficiais e 16 marinheiros – ex tripulantes do cargueiro inglês “Andaluzian” afundado dias antes a norte de Cabo-Verde pelo U-106.
O paquete português dirigia-se para Lisboa tendo ainda marcadas duas escalas, uma no Funchal e outra em Casablanca, onde iria deixar 400 homens de nacionalidade francesa, embarcados num porto africano por se recusarem a combater ao lado das Forças Francesas Livres e do general De Gaulle.
Os marinheiros britânicos não se mostravam interessados em seguir até Casablanca temendo ser retirados do navio e aprisionados pelos franceses. Por essa razão ficaram no Funchal onde chegaram a 23 e Março. Dias depois embarcaram no cargueiro misto “Lima” que assegurava a ligação dos Açores e da Madeira a Lisboa, onde chegaram no dia 29, acompanhados de 101 outros passageiros.
Em Lisboa os 23 homens do Andaluzian reencontraram o comandante Bettencourt do Niassa a quem foram endereçados agradecimentos públicos, acontecendo o mesmo com o comandante do Lima que os trouxe até Lisboa. Os homens foram entregues às autoridades britânicas.
Os 19 tripulantes que embarcaram na outra baleeira encontraram na manhã seguinte uma alguns tripulantes do “Tapanoeli”, um outro cargueiro que fora afundado pouco antes de terem sido atingido. Nessa altura já tinham decidido rumar ao arquipélago de Cabo Verde que estariam a cerca de 120 milhas. Trocaram algumas palavras com os outros homens e fizeram-se à vela tentando chegar ao destino o mais rapidamente possível.
Na manhã do dia 19 avistaram uma das ilhas pela primeira vez, mas não conseguiram – durante todo o dia - encontrar uma zona para aportar pois toda a costa parecia pedregosa e perigosa, razão porque passaram mais uma noite ao largo.
Só às 16 horas do dia seguinte conseguiram encontrar uma praia que parecia reunir condições para o desembarque, mas quando se aproximaram foram apanhados por uma onda que inundou a embarcação. Apesar de tudo conseguiram chegar ilesos ao areal onde montaram um acampamento provisório, secaram as roupas, comeram e descansaram.
Na manhã seguinte, divididos em dois grupos, partiram à procura de gente e conseguiram localizar alguns colonos portugueses que os acolheram e esclareceram que se encontravam na Ilha da Boa Vista. Enquanto estiveram na ilha foram muito bem tratados e eventualmente receberam a informação que tinha sido chamado um vapor para os recolher.
De burro percorreram uma distância de cerca de 16 quilómetros para sul, desde o local onde se encontravam até a um porto onde embarcaram no vapor “28 de Maio”, que já tinha a bordo 25 tripulantes do “Tapanoeli” que também tinham chegado a outro ponto da ilha da Boavista. No caminho para São Vicente, passaram ainda por São Nicolau, onde recolheram sobreviventes do cargueiro britânico “Clan MacNab”, que também fazia parte do comboio SL-68, e que durante o ataque colidiu com outro navio acabando por se afundar.
Chegaram a São Vicente no dia 23 de Março de 1941 onde foram todos entregues ao cônsul britânico da ilha que tratou dos respectivos repatriamentos. Todos os tripulantes do “Andaluzian” embarcaram no dia 26 no “Avila Star” para o Reino Unido.
O afundamento do “Andaluzian”
O navio integrava o comboio SL-68 que foi atacado pouco depois das 21 horas do dia 17 de Março de 1941 pelo U-106. Vários torpedos foram disparados na direcção dos navios aliados atingindo o britânico “Andaluzian” e o holandês “Tapanoeli”.
Todos os 42 tripulantes – o mestre, 39 tripulantes e dois artilheiros – conseguiram abandonar o “Andaluzian” em duas baleeiras, que se separaram pouco depois de serem lançadas à água. A que continha os 23 homens foi recolhida pelo Nyassa, enquanto a outra com 19 chegou pelos seus próprio meios à Ilha da Boavista, em Cabo Verde.
Dos 65 tripulantes do “Tapanoeli” também chegaram por meios próprios à Ilha da Boavista 25 deles, enquanto os restantes arribaram à Ilha de São Vicente.
Andaluzian
(GB)
Capitão: H. B. McHugh
Tipo: Vapor mercante
Tonelagem: 3082 Tb
Proprietário: Ellerman Papayanni Lines Ldt.
Porto: Liverpool
Construção: Hull, GB, 1918
Fontes:
- Arquivos: National Archives UK, Kew (GB); Arquivo Histórico da Marinha (PT); Arquivo Histórico do MNE (PT);
- Sites: uboat.net;
- Livros: Shipping Company Losses of the second World War, Ian M. Malcolm; Lista dos Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945;